História de Ibiraci
A cartografia mais antiga, que detalha o que hoje é a região do município de Ibiraci, foi produzida a partir de 1748 com a criação da Capitania de Goyaz, separando-a da de São Paulo pelo Rio Grande e da de Minas Geraes pelo Desemboque ( “lugar onde o rio desemboca entre serras”). Neste ponto único em todo o percurso do rio, este se estreitava numa pequena garganta com pouco mais de quinze metros e a partir daí percorria cerca de 10 léguas entre paredões rochosos com 300 ms de altura. Este lugar tornou-se uma referência segura para todas as expedições que abriam as “picadas militares” quase sempre sobre as trilhas indígenas que teciam uma rede de comunicação no entorno da bacia do rio Grande, oferecendo à esta época possibilidades de exploração dos garimpos goianos, dos novos descobertos do Desemboque e de descaminho e fuga das rotas dos registros da região. Importante lembrar que nesta época o atual Desemboque (distrito de Sacramento), chamava-se Julgado de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas, só aparecendo na cartografia como Desemboque na virada do século XIX.
Tirando a autonomia política da Capitania de São Paulo (de 1748 a 1765), o Rei Dom José I autorizou o Governador de Minas Gerais, Gomes Freire de Andrade a colocar a divisa entre as duas Capitanias “por onde vos parecer”. O objetivo era incorporar os novos descobertos da margem esquerda do rio Sapucaí à Capitania de Minas e consequentemente à disposição do fisco português.
Gomes Freire nomeou o Desembargador Tomaz Rubin Barreto para definir a nova divisão que recebeu o nome de Linha Tomaz Rubin (1749); ela determinava a divisa entre Minas Gerais e São Paulo desde o Morro do Lopo, por cordilheiras não muito conhecidas e na verdade, inexistentes, “até topar com o rio Grande”, no ponto Desemboque. A posse mineira da região se efetivou apenas em 1764 com a expedição do Governador mineiro Luis Diogo Lobo da Silva, que anexou à Capitania de Minas : “... de Jacuhy até o sítio chamado Desemboque...”
A partir daí, várias expedições de “limpeza” foram enviadas à região para expulsar e dizimar garimpeiros “vadios” e quilombolas.
Grandes expedições, como as de Inácio Correa de Pamplona, enviavam agrupamentos menores em missões pontuais para dizimar povoados e arraiais que se formavam nas faisqueiras recém descobertas.
O povoado do Aterrado do Desemboque pertenceu a Mogi Mirim, até a criação da Vila Franca em 1805. O Cap. Hipólito Antonio Pinheiro, ao encaminhar ofício ao Governador paulista Antonio José da Franca e Horta e pedir autorização para fundar Franca, pede também autorização para construir um Quartel de guardas no Aterrado e outro na Lagoa Rica, para deter os mineiros em sua intenção de avançar sobre a capitania de São Paulo.
Mapa de 1805 em que o Cap. Hipolito mostra os marcos construídos na Serra do Itambé, divisa das capitanias, segundo a Linha Luis Diogo, o Desemboque (Peixoto), o Aterrado (Ibiraci) e o lugar escolhido para fundar Franca :”lugar eleito para o templo”.
O Quartel do Aterrado, situado uma légua a leste do povoado ficou posicionado exatamente sobre uma linha imaginária que liga o Morro Selado ao Desemboque no rio Grande, conforme a divisa que prevalecia então. Os mineiros, dois anos depois, também fizeram um aquartelamento de homens a menos de um quilômetro de distância e ambos ficaram durante 9 anos em vertentes opostas com controle visual um do outro (o local se chama Fazenda Quartéis).
Mapa de 1850, através do qual a Câmara de Franca reclama ao Presidente da Província de São Paulo, a posse do Arraial do Aterrado, demonstrando a linha divisória que prevalecia em 1816, do Morro Selado ao Desemboque, passando exatamente no ponto onde o Capitão Hipólito havia construído o Quartel do Aterrado em 1805.
Em 12 de janeiro de 1816, contudo, forças mineiras “deitaram abaixo” o Quartel paulista do Aterrado e avançaram 5 léguas dentro da Capitania de São Paulo, colocando os marcos na margem do rio Canoas. A ação, atribuída à Câmara de Jacuí, tinha o claro respaldo do Governador mineiro, Dom Manuel de Portugal e Castro, ainda que este não o admitisse na época, e do próprio Rei, como se observa na Carta Patente do Cap. Felizardo Antunes Cintra, Capitão de Ordenanças que comandou um pequeno exército de 60 soldados mais seus oficiais com a missão de ocupar o Distrito do Aterrado, o que o fez até sua morte em 1842, com uma credencial especial : “... enquanto eu (o Governador) o houver por bem e o Mesmo Senhor ( o Rei) não mandar o contrário”.
Em 28 de junho de 1850, com a mudança da padroeira (de Santa Maria Magdalena para Nossa Senhora das Dores), acontece a elevação a Freguezia pelo Parágrafo 2º do artigo 1ºda Lei no 497.
Foi incorporado ao município de Santa Rita de Cássia por Dec.no 21 de 26 de fevereiro de 1.890.
É instalada a Comarca de Ibiraci em 15 de novembro de 1.948.
*Etimologia e significado da palavra Ibiraci:
A palavra Ibiracy pertence à língua nheê-gatú, falada pelos tupis e quer dizer “Mãe da Árvore”, no sentido rigorosamente etimológico. Composta por dois vocábulos comuns que são ybyra (árvore) e cy (mãe). A grafia dos vocábulos de origem indígena foi normatizada na década de 1960 passando-se a escrever Ibiraci ao invés de Ibiracy.
Personagens importantes para a compreensão da trajetória histórica de Ibiraci.
1- Governador Gomes Freire de Andrade, 1º Conde de Bobadela
Antonio Gomes Freire de Andrade (Juromenha, Portugal, 1685 – Rio de Janeiro, 01/01/1763), foi Governador da Capitania de Minas Gerais de 1735 a 1736, 1737 a 1752 e de 1759 a 1763). Por Alvará Régio de 09 de maio de 1748 foi autorizado a definir as divisas entre as Capitanias de Minas Gerais e de São Paulo “... por onde vos parecer...” (pelo Rei D.José I, interessado em aumentar a capacidade arrecadadora da Capitania mineira), encarregando para tal função o Desembargador Tomaz Rubim Barreto. Conseguiu junto à Coroa, que a Capitania de São Paulo ficasse sem governo próprio entre 1748 e 1765 para poder expandir as fronteiras mineiras sem maiores oposições, tendo contudo encontrado no Bispo de São Paulo, D.Frei Antonio da Madre de Deus Galvão, um impedimento firme aos seus propósitos.
2- Desembargador Tomaz Rubim Barreto
Ouvidor da Comarca de São João Del Rey, encarregado de criar uma Linha de Divisa entre as Capitanias de Minas Gerais e de São Paulo, com o objetivo de incorporar novas áreas de garimpos à Capitania mineira, avançando a primeira divisa reconhecida que era pelo Rio Sapucahy, até o Rio Grande (conforme Bula do Papa Bento XIV em 1745). Rubin define o término da Linha no Rio Grande, no final de uma serra que teoricamente vinha desde Mogi Guaçu. Neste ponto, desde 1748, com a criação da Capitania de Goyaz (09 de maio de 1748) o Dezemboque do Rio Grande entre serras, definia os limites entre as Capitanias goiana e mineira, passando então a ser o ponto de divisa de três Capitanias, São Paulo-Minas Geraes e Goyaz (local onde hoje se encontra a Usina Mal. Mascarenhas de Moraes).
3- Cap. Pedro Franco Quaresma
4- Governador Luis Diogo Lobo da Silva
Luis Diogo Lobo da Silva (nasceu em Montemor-Portugal, falecimento ignorado) foi Governador da Capitania de Minas Gerais entre 1763 e 1768. Governou anteriormente (1756/1763) a Capitania de Pernambuco, onde fundou mais de duas dezenas de vilas e dinamizou a economia local. Ao assumir a Capitania mineira,” ... Em 1764, depois de governos interinos de Minas Gerais, foi nomeado seu capitão general, sucedendo a Bobadela, D. Luís Diogo Lobo da Silva. Este efetuou, naquele mesmo ano, extenso giro pelos confins da Comarca de São João d’El Rei e, chegando a Jacuí, publicou, a 24 de setembro, o bando que se tornaria famoso para interpretar a linha demarcada pelo ouvidor-geral Thomás Rubi de Barros Barreto” (Memória de Caconde- Campagnole, Adriano). Deste Bando, documento dos mais interessantes da nossa história, destacamos dois trechos que nos falam diretamente da história de Ibiraci: “...Faço saber aos que este meu bando virem, ou dele notícia tiverem, que reconhecendo compreendidas dentro da demarcação deste Governo de Minas Gerais as terras que formam os novos descobertos dos rios de São João do Jacuí, São Pedro de Alcântara e Almas, Ribeirão de Santa Anaaté a serra que termina no rio Grande, e no sítio chamado Desemboque”(Bando publicado em Jacuí em 1764, texto do Secretário do Governo, Cláudio Manoel da Costa (futuro inconfidente). E logo a seguir: “... ponto de demarcação da antiga Capitania de São Paulo com a de Minas, o qual se conservaria tirando uma linha pelo cume da mesma serra, seguindo-a toda até topar com o Morro do Lopo, e deste com o de Mogi-Guaçu e desta também pelo seu cume, aos rumos que seguisse, pertenceria a cada um dos governos até findar no rio Grande, balisa também do de Goiás...” Com este documento, o Governador mineiro tomou posse de Jacuí (até então pertencente à Capitania de São Paulo) até o lugar chamado Desemboque (hoje, Usina Mal. Mascarenhas de Moraes), no rio Grande que também servia de baliza para a Capitania de Goiás. Na verdade ele definia localmente, segundo seus interesses, uma região em que a Linha Thomaz Rubin demarcava mais a leste. Estabeleceu-se então uma nova linha de divisa, a Linha Luís Diogo.
A Linha Luís Diogo foi identificada mais tarde da seguinte forma: I – pelo rio Grande; II – pelo morro do Caxambu; III – pelo alto da Serra da Mantiqueira; IV – outra vez pelo morro do Caxambu; V – pelo rio Verde; VI – pelo rio Sapucaí; VII – pelo Morro do Lopo e estrada dos Goiases. Partia das proximidades de Queluz e Passa Vinte indo pelo cume das serras até o morro do Lopo, nas proximidades de Santa Rita da Extrema (atual Extrema). Daí seguia em linha reta até o rio Grande, região do Desemboque, situada logo abaixo da barra do rio São João de Jacuí no rio Grande, em frente a serra que termina nesse rio, a cinco léguas do rio chamado das Canoas ou Santa Bárbara. As léguas da época mediam 3.000 braças ou 6.600 metros. Caracol, Monte Sião e Jacutinga, por essa linha, seriam cidades paulistas. Todas as medidas e informações conferem para configurar o Desemboque como sendo a nossa “Cachoeira do Inferno” onde foi construída a Usina de Peixoto.
5- Governador Dom Manuel de Portugal e Castro
Manuel Francisco Zacarias de Portugal e Castro (Lisboa, 05/11/1787 – 12/07/1854), foi Governador de Minas Gerais entre 1814 e 1821. Foi também Governador da Ilha da Madeira em 1826, Governador (1830) e Vice-Rei da Índia (até 1835). Seguindo ordens de D.João VI, contrata o Cap. Felizardo Antunes Cintra para tomar posse do Distrito (paulista) do Aterrado, com um pequeno exército “...60 soldados com seus competentes oficiaes...” (Carta Patente – APM SC – 371, fls.89v e 90) e confirmar sua posse para Minas, ali fixando residência. Em correspondência posterior com o Governador paulista, Conde de Palma, nega seu envolvimento pessoal e alega ter sido ação de iniciativa da Câmara de Jacuí, comprometendo-se a recolocar o marco violado. De fato, encaminha carta de admoestação à Câmara de Jacuí, relatando a reclamação do Governador de São Paulo e determina a recolocação do marco divisório em seu local de origem (coisa que nunca ocorreu).
6- Governador Francisco de Assis Mascarenhas, Conde de Palma
Francisco de Assis Mascarenhas (Lisboa, 30/09/1779 – 06/03/1843). Foi Conselheiro de Estado, Senador do Império do Brasil de 1826 a 1843 e Governador das Capitanias de Goiás( 1803 a 1809), de Minas Gerais (1810 a 1814), de São Paulo (1814 a 1819) e da Bahia (1818 a 1821).
Foi durante seu Governo (12 de janeiro de 1816) que os mineiros tomam o Aterrado (Ibiraci) da Capitania de São Paulo. Sua posição sempre foi a de utilizar apenas as vias diplomáticas (“pois todos somos vassalos do mesmo Senhor”), nunca permitindo a reação armada por parte de Mogi Mirim e de Franca (tendo mesmo às vésperas da tomada, em dezembro de 1815, negado aumento da guarda do Quartel do Aterrado, solicitado pelo Capitão Mor de Mogi Mirim que já previa a ação dos mineiros). Foi um dos precursores da técnica de produção do ferro gusa na metalurgia em Minas : “... Eschwege construiu perto de Congonhas do Campo, MG, na ‘Fábrica de Ferro’ de propriedade da Sociedade Patriótica,organizada pelo Conde de Palma, então governador de Minas Gerais, um baixo forno tipo Sueco e obteve aos 17 de dezembro de 1812, a primeira corrida de ferro gusa (ou ferro coado como era chamado à época) no Brasil. ”
Por ter conhecimento anterior (enquanto era o Governador de Minas), reclamou várias vezes ao Governador mineiro de que o salitre das jazidas do Aterrado (Ibiraci) estava sendo explorado e desviado para a Capitania mineira.
7- Guilherme de Barros Pedrozo
Personagem importante na história do Aterrado, pois em 1807 declarou estar na região há cerca de 40 anos, com o cargo de Cabo e Sargento Comandante, encarregado de receber o quinto e encaminha-lo para o Ministro que o remeteria à Lisboa (conforme recomendado em um dos relatórios, em que um dos contribuintes era Hipólito Antonio Pinheiro, em 1802), era encarregado de proteger o transporte do ouro entre o Aterrado e Jacuhy e também de prender e encaminhar aqueles que não pagavam “os direitos de S.A.R. (Sua Alteza Real)”, para serem castigados “no tronco deste quartel”, conforme ordem do Cap. Comandante Manoel Francisco Neto, de Jacuhy. Possuía uma fazenda no Aterrado em que se extraía salitre, utilizado na produção de pólvora em Minas. Quando passou a governar a Capitania de São Paulo, o Conde de Palma, conhecedor da extração, proibiu as remessas para os mineiros e a questão chegou a ser discutida em Lisboa. Entre suas passagens mais marcantes, consta que foi obrigado sob a mira de 80 armas de fogo a assinar (estando em sua casa, no Aterrado do Desemboque – Ibiraci) documento reconhecendo que ocupava território da Capitania de São Paulo e não de Minas Gerais.
8- Cap. Hippolito Antonio Pinheiro
Mineiro, filho de portugueses, nasceu provavelmente em 1746, na região de Congonhas do Campo. Faleceu aos 94 anos de idade, em 16 de agosto de 1840, em Franca. Em 1802, no Aterrado, pagava em ouro o quinto para ser enviado a Lisboa, cobrado pelo mineiro Guilherme de Barros Pedrozo, conforme relatório de arrecadação. Sabe-se que em 1804, Hipólito era morador do “Ribeirão do Oiro, Bairro do Aterrado” Ibiraci (segundo Livro de Óbitos da Matriz de Jacuí, nos registros dos óbitos de sua escrava Anna Mulata e do escravo Manoel, do gentio da Guiné ), na região que hoje conhecemos como Silveira, claramente por motivo de garimpo. Neste momento (1804), recebia sacramentos na matriz de Nossa Senhora do Desterro (Goiás) e sepultava seus escravos no cemitério da Laje (local desconhecido), conforme documentos da Matriz de Jacuí, de onde era fregues. Em 1804 faz contato com o Tenente Ignácio Alvarez de Toledo que a mando do Governador de São Paulo, Antonio José da Franca e Horta, chegou à região para revisar as divisas com a Capitania de Minas Gerais e ficou incumbido de vigiar a fronteira paulista na região dos marcos da serra do Itambé (que ajudou a erigir) que definiam a projeção da Linha Luiz Diogo (de 1764) até o Desemboque no rio Grande, recebendo um carregamento de chumbo e pólvora para garantir a defesa da Capitania paulista e em seguida a patente de Capitão de Ordenanças de São Paulo que o qualificou como a autoridade militar paulista entre o rio Pardo e o rio Grande. Em 1805, o Cap. Hipólito constrói o Quartel de Guardas do Aterrado (no Morro dos Quartéis) e funda a Freguesia de Franca. O Cap. Hipólito tenta reforçar a guarda do Quartel do Aterrado em dezembro de 1815, mas não contou com a aprovação do Governador paulista, o que provavelmente facilitou a tomada do Aterrado (atual Ibiraci) pelos mineiros em 12 de janeiro de 1816 quando estes “deitam abaixo” o Quartel do Aterrado e colocam o marco de divisa entre as Capitanias de São Paulo e Minas Gerais no rio Canoas. A reação de São Paulo, contudo, é freada pelo Governador paulista na época, Conde de Palma, que determina apenas protestos diplomáticos para evitar mais derramamento de sangue entre “vassalos de um mesmo Senhor”, conforme determinação de S.M. (Sua Majestade). Este é um episódio que ainda será melhor estudado e esclarecido, o que inevitavelmente trará com o tempo, mais informações sobre o Capitão Hipólito que é considerado o fundador de Franca.
9- Cap. Felizardo Antunes Cintra
O Capitão Felizardo Antunes Cintra é o fundador de Santa Maria Magdalena do Aterrado, cumprindo ordens de Dom Manuel de Portugal e Castro e aqui viveu como a sua maior autoridade até falecer. Também atendendo às determinações do Governador, tratou de povoar a região e especialmente com sua família (os Cintra, que ainda ocupam grandes áreas da sua propriedade original, a Fazenda Ribeirão do Chapéu, que pelas divisas que constam em alguns documentos (inventários, testamentos e escrituras) ocupavam quase um terço do atual município de Ibiraci, sendo cortada por quilômetros, pelo Ribeirão do Ouro e Rio Canoas, ou seja, os garimpos cobiçados pela Coroa para tomar a área da Capitania de São Paulo.
10- Faustina Maria das Neves
11- Francisco de Freitas Pedroso
12- Padre Fortunato José da Costa
Natural de Santo Antonio do Ouro Branco, do termo da cidade Imperial de Ouro Preto, foi ordenado sacerdote em 25 de março de 1833, no Seminário do Caraça e faleceu a 06 de março de 1878 (Dores do Aterrado). A designação do Padre Fortunato José da Costa para o Curato de Santa Maria Magdalena do Aterrado (1844), após o falecimento do Cap. Felizardo Antunes Cintra (1842), certamente atendeu à necessidade de pacificar a região de fronteira entre as Províncias de Minas Gerais e São Paulo, pois a denominação de Santa Maria Magdalena nunca havia sido aceita pelos paulistas por se tratar de um claro desaforo ao Capitão Hipólito Antonio Pinheiro, de Franca, já que se tratava do nome de um quartel mineiro destruído pelos paulistas de Mogi Mirim em 1807 na região de Caldas. Diplomaticamente, já que o próprio Livro do Tombo da Matriz não esclarece o motivo, o Padre Fortunato muda o orago da Capela para Nossa Senhora das Dores, conforme determinação expressa da doadora do Patrimônio, em 1819, Dona Faustina Maria das Neves e em 1850, ao ser elevada a Matriz, a Freguezia passa a se chamar Nossa Senhora das Dores do Aterrado. Pessoa de excepcional formação para a época, tendo sido ordenado no Convento do Caraça, poliglota, Capelão e certamente muito carismático, o Padre Fortunato logo tomou o controle político de Dores do Aterrado, conforme atestam vários documentos e ao se desligar de Jacuí, em l.850, passando a fazer parte da Freguezia de Passos; ele foi eleito como o Vereador do Distrito de Dores do Aterrado junto à Câmara recém criada. Pode ser considerado o nosso primeiro vereador, conforme ata de votação da paróquia e da Câmara de Passos. Infelizmente, o período de sua administração pastoral e temporal teve o prejuízo do sumiço dos Livros de Tombo correspondentes, certamente com muitas e preciosas informações; tais livros sumiram logo após a sua morte. O Padre que o sucedeu, José Andrade Costa Colherinhas, deixa claro ao abrir um novo Livro de Tombo (08 de setembro de 1880) que não encontrara registro algum entre a fundação da paróquia em 1824 e a data de sua chegada.Sua competência política deve ter sido muito útil, num período em que a Câmara de Franca, sob o comando de José Eduardo de Figueiredo, mais veementemente reinvindicou a retomada e posse do Aterrado, enviando documentos insistentes (e muito bem arrazoados) para o Presidente da Província de São Paulo, à Câmara dos Deputados e aos Gabinetes do Império, no Rio de Janeiro.
13- Capitão Jacintho Honório da Silva
Imagem encontrada na ilha do Faial, atribuída aos antepassa-dos do Capitão Jacintho.
14- Cap. Antonio Dionysio de Lima
Nasceu em Piunhi em 1814 e faleceu em Dores do Aterrado (Ibiraci) em 22 de março de 1898, aos 84 anos de idade. Antonio Dionízio de Lima foi o sucessor político do Padre Fortunato e provavelmente seu aliado. Em ata de eleição do Conselho Paroquial, em 1863, órgão precursor de uma Câmara Municipal, ele consta como um dos eleitos e na condição de “Fazendeiro”. Em 1883, em relatório do Padre Visitador ao Bispo, ele é descrito como o maior proprietário de escravos do lugar e dono de inúmeras e abastadas propriedades, chegando a citar a produção de milho em uma delas. Une-se à viúva de Nicolau Tolentino de Vassimon, Dona Rita Carolina de Vassimon e tem excelente relação, especialmente com as enteadas, conforme seu testamento. Com a vinda, de Goiás, de seu sobrinho o Tenente José Vicente Evilásio de Lima, este o sucede no comando político da Freguesia. Ao realizar o casamento de sua enteada, Maria Amélia, com o Cap. José Garcia Duarte, em 1873, provavelmente foi influenciado por este e incrementou o plantio do café em suas propriedades que até então se concentravam nos engenhos de açúcar (o Capitão José Garcia Duarte, que depois viria a ser o Barão da Franca, era um entusiasta e o maior produtor de café da região).
Nascida em 26 de junho de 1859, na Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Aterrado e falecida em Franca em 28 de março de 1929. Filha de Nicolau Tolentino de Vassimon e de Da. Maria Rita Carolina de Vassimon considerava o Capitão Antonio Dionizio de Lima tanto quanto ao seu pai verdadeiro (falecido em 1863), chegando a declarar no seu primeiro testamento, em 1923, no Tabelião Távora, do Rio de Janeiro, ser filha do Cap. Antonio Dionízio de Lima (CHIACHIRI FILHO, José - A Baronesa do Aterrado, 28/11/2004, pág. 32, Comércio da Franca). Casou-se aos 19 de fevereiro de 1873, com o viúvo Capitão José Garcia Duarte (48 anos) que anos depois recebeu o título de Barão da Franca, tornando Maria Amélia a Baronesa da Franca, figura histórica das mais reconhecidas em toda a região. Ficando viúva em 1891, casou-se em 28 de janeiro de 1892 com o Juiz de Direito, Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro, do qual enviuvou em 05 de fevereiro de 1914. Com grande patrimônio pessoal e sem filhos, a Baronesa teve inúmeros afilhados (muitos dos quais mantinha em colégios internos, às suas custas) e mantinha uma intensa agenda de viagens para o Rio de Janeiro, São Paulo, Barbacena, etc, conforme anotações em seu diário. Bastante religiosa e indisposta com sua família, deixa em seu testamento grandes somas para os pobres e instituições religiosas e filantrópicas. Para Ibiraci, deixou 5 contos de réis “a serem distribuídos aos pobres do Aterrado” (foi formada uma comissão especial, chefiada pelo Padre Teodoro Fernandez que identificou 43 pobres merecedores da ajuda, cabendo a cada um a quantia de 116$280 (cento e dezesseis mil, duzentos e oitenta réis). Deixou também 15 contos de réis para sua madrinha, Nossa Senhora das Dores, doação que certamente incentivou o Padre Teodoro a iniciar a reforma da Matriz (concluída em 1934). Manteve correspondência pessoal com algumas pessoas de nossa cidade, sempre pedindo notícias do seu “querido Aterrado” (nunca se referindo a Ibiraci, mesmo depois de 1924).
16- Tenente José Vicente Evilasio de Lima
Aterradense, nasceu em 1850 e faleceu em 06 de maio de 1925. Sobrinho do Capitão Antonio Dionisio de Lima, morava em Goiás (onde é considerado um dos doadores do Patrimônio para a ereção da capela da Abadia do Paranaíba, depois Capelinha e hoje a cidade de Quirinópolis) até ser chamado por seu tio para se tornar seu sucessor no comando político do Aterrado. Casou-se com a enteada de seu tio, Maria Eugênia de Vassimon (irmã de Maria Amélia, a Baronesa da Franca) e marcou época como uma pessoa carismática e empreendedora. Boticário prático, criou a primeira banda de música de que se tem notícia em nossa cidade, a “Lyra Aterradense”; criou em 1882 e publicou durante alguns anos o jornal “Aurora Aterradense”, com o apoio do Padre José de Andrade Costa Colherinhas (Como curiosidade o relatório da igreja (Almanach Sulmineiro 1884) registrava que o prelo, no qual se imprimia o jornal havia sido projetado pelo Tenente e construído por Manoel Bento Dias). Foi Vereador especial do Distrito do Aterrado junto à Câmara de Santa Rita de Cássia.
(Dores do Aterrado, 24/01/1870 – Ibiraci, 19/05/1966)
Foi um grande comandante político de Dores do Aterrado e depois de Ibiracy. Trabalhou políticamente pela emancipação que ocorreu em 1923, sendo eleito a 06 de Abril de 1924, Presidente da Câmara Municipal. Neste período inicial do nosso município enfrentou sérias dificuldades para a consolidação dos limites entre o novo município e Cássia. Ainda no poder, foi nomeado em 09 de agosto de 1936, o 1º Prefeito Municipal, para o período 36/46. Construiu o jardim que veio a se chamar Praça Raul Soares (de saudosa lembrança dos ibiracienses mais antigos, pela sua beleza ); conseguiu a construção do Grupo Dr. Antonio Carlos; trouxe a telefonia para a cidade; a energia elétrica que abastecia o município era gerada na Fazenda Santa Cruz, de sua propriedade; comprou a propriedade dos Peixotos para tentar restaurar a Ponte que havia sido destruída por uma enchente e teve outras iniciativas administrativas que até hoje influenciam o município. Na prática, até meados da década de 1960, o Coronel manteve sua influência na política local, com seu estilo bastante peculiar: firme e paternal, que ainda é lembrado por muitos de seus admiradores e mesmo adversários políticos.
18- Padre Teodoro Fernandez
Espanhol, nasceu em Corella, frequentou o Seminário dos Padres Agostinianos, onde se formou emérito professor de Latim, tendo lecionado no Seminário de Santo Emiliano na Província de Logronho. Veio para o Brasil (após período missionário nas Filipinas), em 1902, estabelecendo-se na paróquia de Machado-MG. Foi nomeado em 18 de dezembro de 1927, por D.Ranulpho da Silva Farias, como vigário de nossa paróquia. Tomou posse da Paróquia de Nossa Senhora das Dores em 25 de dezembro de 1927 e aqui permaneceu por 37 anos como figura de grande projeção e respeito, não só para a comunidade católica, mas para todos os ibiracienses. Foi inspetor escolar, médico-parteiro, orientador e moderador em eventos políticos e ainda mostrou-se bom administrador, ao reformar a igreja Matriz entre 1928 e 1934, dando-lhe a atual proporção. Faleceu em 21 de agosto de 1964.
CALENDÁRIO CÍVICO MUNICIPAL DE IBIRACI
Datas referenciais para a História de Ibiraci.
12 DE JANEIRO - (Dia da Tomada pelos Mineiros)
No dia 12 de janeiro de 1816, forças militares mineiras, a mando da Câmara de “Jacuhy”, “deitam abaixo” o quartel paulista do Aterrado (hoje, região da Capela de N.Sa. Aparecida do Morro dos Quartéis) e avançam o marco da divisa até o rio Canoas, incorporando o Aterrado à Capitania de Minas Gerais.
06 DE ABRIL – (Dia da Instalação do Município)
No dia 06 de abril de 1924 foi implantado o município de “Ibiracy”, emancipado por lei estadual 843 de 07 de setembro de 1923.
07 DE SETEMBRO – (Dia da Emancipação Municipal)
No dia 07 de setembro de 1923 é promulgada a Lei 843 que emancipa o Distrito de Dores do Aterrado, que é elevado à condição de município, contendo a sede e o Distrito do Garimpo das Canoas.
15 DE SETEMBRO – (Dia da Padroeira)
No dia 15 de setembro é celebrado o dia de Nossa Senhora das Dores, padroeira de nossa cidade desde 1850.
01 DE OUTUBRO - (Dia da Fundação )
No dia 01 de outubro de 1824 foi celebrada a primeira missa na Capela de Santa Maria Magdalena do Aterrado. É o dia da fundação de nossa cidade, que até então era um povoado sem documentação própria e tinha seus registros feitos no Livro de Tombo de “Jacuhy”.
15 DE NOVEMBRO – (Dia da Criação da Comarca)
No dia 15 de novembro de 1948, foi criada a Comarca de Ibiraci.
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